quarta-feira, 30 de outubro de 2013

A fotografia

Tinha uma missão: Fotografar o seu “Amigo de Inverno”.
O que dormia escondido no canavial, o mais próximo possível da margem, ficando à mercê dos predadores. Aquele que era sempre o último a levantar voo, esforçando-se para seguir a formação e o último a pousar numa rasante desequilibrada em que era difícil perceber se voava baixo ou se procurava desesperadamente não mergulhar na água fria e escura.
Não seria tarefa fácil. O bando era assustadiço e ao primeiro sinal de que alguma coisa perturbava o frágil equilíbrio, desapareceria em gritos de alerta para não mais voltar.
Ele sabia que fotografar não era só carregar no botão no momento certo. Era preciso estar concentrado e ver, não somente com os olhos.
“Ver” o frio que lhe arrefecia o rosto e gelava as mãos. “Ver” a variação da brisa que lhe diria o momento em que o bando se agitaria e acordaria. “Ver” a intensidade do cheiro a penas húmidas e saber se estaria perto o suficiente para fotografar com nitidez e longe o suficiente para não alertar o grupo. “Ver” o leve chapinar da água e os sussurros dos líderes. E ver também, mas de forma menos fiável a degradação da escala dos cinzentos da madrugada para o colorido da manhã.
Nesse momento ele era quase invisível, fazia parte da natureza circundante, uma mancha silenciosa, um pouco mais escura na margem. Sentia o bater do seu coração acelerado e a respiração rápida na contagem decrescente. Faltava pouco, tão pouco.
A água agitou-se, as sombras moveram-se e quando deu por si, já o bando tinha levantado voo descendo o rio. Piscou os olhos tentando focar o olhar através da lente ampliadora e disparou várias vezes procurando o último dos últimos, o seu Amigo!
Quando mais tarde revelou as fotos, viu o desapontamento no rosto dos que o acompanharam na tarefa, viu o embaraço e ouviu o “sinto muito”. Olhou o resultado do seu esforço e não entendeu o desconforto dos outros.
As duas fotos: 
Um rasto mais escuro no céu cinza claro da alvorada. 
Uma asa prateada no canto superior da fotografia, fugindo da prisão do papel.
Sorriu e sentiu o sol da manhã.



sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Dormir permite al cerebro limpiarse



Según investigadores estadounidenses, el sueño permitiría deshacerse de los residuos diarios acumulados en el cerebro debido a la actividad neuronal.
Es un poco como si  fueses a vaciar la papelera antes de ir a dormir para tener el espíritu más ligero.

Según un artículo publicado en la revista “Science”, publicada por investigadores estadounidenses, dormir podría "limpiar " la basura” acumulada del día a causa de la actividad neuronal.
La información parece banal, pero podría luchar contra ciertas enfermedades neurológicas tales como la enfermedad de Alzheimer.

Es evidente que cuando se duerme, el cerebro utiliza un Sistema llamado "linfático", que va a servir para limpiar las toxinas acumuladas durante el día. Incluyendo las toxinas responsables de las enfermedades neurológicas.

Un  trabajo importante porque, como dicen los investigadores, casi todas las enfermedades neurodegenerativas están relacionadas con la acumulación de los desechos celulares.
De ahí la importancia de un buen sueño.

Os propongo estas dos músicas para relajarse este fin de semana..




domingo, 20 de outubro de 2013

Ninguém pode roubar o direito de te expressares

Não importa de que forma. Um olhar, um sorriso, um trejeito, um gesto.
Um bailado de movimentos dispersos guiado pela música interior que murmura a ânsia de independência.
Autonomia para quebrar as grilhetas do corpo e sonhar.
Liberdade para SER, somente.


domingo, 13 de outubro de 2013

En la mano de un amigo..



En la mano de un amigo,  hay que depositar su confianza;

En su alma, su comprensión;

En sus labios, su sonrisa;

Ante sus ojos, una rosa;

Cerca de él, su presencia y asistencia;

Y en su corazón, la alegría de su amistad.




Jeanne-Marie Sens

LE TEMPS BALANCE NONCHALANT

Les oiseaux s'envolent vers le ciel
Et les enfants jouent à la marelle
Dans la douceur du jour qui s'endort

La petite fille avec son chat
Chantonne et la fontaine là-bas
Murmure dans le silence du soir

Le vent s'amuse avec les roseaux
Un doigt pianote sur le carreau
Et un pas résonne sur le trottoir

La vie s'écoule doucement
Le temps balance nonchalant

La pluie d'été tombe sur la mer
Et le soleil joue avec la terre
Et les roses embaument les jardins

La nuit fait entendre sa chanson
Le vieux chien garde encore sa maison
Et la forêt respire sans bruit

Sur le cahier blanc de l'écolier
Une mouche noire s'est posée
Et les voilà partis en voyage

La vie s'écoule doucement
Le temps balance nonchalant

Je navigue je navigue
Entre le rêve et la réalité

Dehors dehors
La pluie ne cesse de tomber

En fermant les yeux
En fermant les yeux je peux imaginer

Que mes voyages
Mes voyages ont les couleurs de l'été… é…

Les oiseaux s'envolent vers le ciel
Et les enfants jouent à la marelle
Dans la douceur du jour qui s'endort

La petite fille avec son chat
Chantonne et la fontaine là-bas
Murmure dans le silence du soir

Le vent s'amuse avec les roseaux
Un doigt pianote sur le carreau
Et un pas résonne sur le trottoir

La vie écoule doucement
Le temps balance nonchalant

Je navigue je navigue
Entre le rêve et la réalité

Dehors dehors
La pluie ne cesse de tomber

En fermant les yeux
En fermant les yeux je peux imaginer

Que mes voyages
Mes voyages ont les couleurs de l'été… é…

Les oiseaux s'envolent vers le ciel
Et les enfants jouent à la marelle
Dans la douceur du jour qui s'endort

La petite fille avec son chat
Chantonne et la fontaine là-bas
Murmure dans le silence du soir

Le vent s'amuse avec les roseaux
Un doigt pianote sur le carreau
Et un pas résonne sur le trottoir

La vie écoule doucement
Le temps balance nonchalant

La pluie été tombe sur la mer
Et le soleil joue avec la terre
Et les roses embaument les jardins

La nuit fait entendre sa chanson
Le vieux chien garde encore sa maison
Et la forêt respire sans bruit……..



terça-feira, 8 de outubro de 2013

Asilo

Sou velho e como tal não preciso de dormir muito. Acordo ainda de noite.
Ouço ao longe os primeiros acordes da alvorada no assobio dos melros que fizeram da cidade o seu bosque.

“Aquela triste e leda madrugada,
cheia toda de mágoa e de piedade,
enquanto houver no mundo saudade
quero que seja sempre celebrada.”

Faço um esforço para me recordar dos outros versos. No silêncio da minha memória, quando termino de declamar, já é dia.
Regresso ao presente com o ruído da porta do quarto a abrir e com um sonoro bom dia que me faz estremecer.
Porque grita?
A sua primeira tarefa consiste em abrir as janelas, de par em par, para renovar o ar do aposento.
Traz a seguir uma esponja e começa a higiene do meu corpo frágil e dorido.
Compõe a roupa da cama.
Não fala, só o indispensável. Porque haveria de desperdiçar o seu discurso com alguém que nunca se sabe quando esta lúcido?
Rezo para que tudo termine rapidamente para voltar a ficar sozinho.
Rezo, que ironia! Deixei de rezar em criança e agora volto a fazê-lo!
Quem me visita ao longo do dia, ou melhor, quem espreita pela porta entreaberta, vê sempre o mesmo cenário (peça de teatro inacabada à espera que o pano caia):
Um quarto espartano, de paredes brancas salpicadas de humidade em vários lugares e janelas pintadas de verde, com a tinta estalada a propagar-se em todas as direcções como teias de aranha. Pousam os olhos no leito e no corpo envelhecido, retesado como uma árvore ressequida que morre aos poucos; um monte de ossos que parece querer perfurar a pele (que se assemelha a um mapa-múndi de rugas entrecruzadas).
Desviam os olhos - não vale a pena - eu também desvio os meus.
 Procuro nas gavetas da memória e encontro: Uma velha foto de mulher. Apesar dos anos ainda vislumbro o cintilar do sol, o jogo das sombras na sua pele e o vento despenteando os seus cabelos.
Visito todos os pormenores da fotografia ao compasso de fragmentos de uma melodia romântica:

“Sei de cor cada traço do teu rosto, do teu olhar
Cada sombra da tua voz e cada silêncio,
Cada gesto que tu faças
Meu amor sei-te de cor”

Um leve rumor faz-me olhar para a janela. Lá está a pomba que costumava pousar na janela do quarto ao lado do meu e que comia, sem medo, as migalhas de pão que a velhota deixava no peitoril. Agora vens até à minha, pareces perguntar porque razão aquela janela nunca mais se abriu.
Não te posso dar de comer, amiga, mas posso contar-te uma história. Tens tempo para ouvir um alienado como eu? Ora escuta:
Eu era jovem, talvez um pouco inocente…um dia conheci o amor, uma paixão que…
Atenta neste pedacinho de poema que nos diz que amar:

“É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.”

Espera, não te vás embora, ainda agora comecei, por favor!
Voaste…
Sinto um ardor mas as lágrimas já não me surpreendem como antigamente.
Quem tiver coragem de olhar para dentro dos meus olhos só verá um abismo, um requiem de emoções que ninguém poderá entender, uma cegueira para este mundo, uma noite escura.

“Noite, irmã da Razão e irmã da Morte,
Quantas vezes tenho eu interrogado
Teu verbo, teu oráculo sagrado,
Confidente e intérprete da Sorte!”


O pano tarda em cair...